Rapunzel


Ilustração de 1909, de autor anônimo;Outras ilustrações, no Blog 2
(Coletada pelos Irmãos Grimm)
Era uma vez um homem e uma mulher, que há muito tempo desejavam em vão ter uma criança. Finalmente eles tiveram esperança de que o bom Deus atenderia o seu desejo. O casal tinha no fundo da casa uma janelinha da qual se podia ver um formoso jardim, cheio de flores e ervas mas estava cercado por um muro alto, e ninguém se atrevia a entrar, porque ele pertencia a uma feiticeira que tinha muito poder e era temida por todo mundo.
Certo dia estava a mulher diante dessa janela, olhando para o jardim, quando viu um canteiro cheio dos mais lindos raponços, que são plantas de salada. Estavam tão viçosos e verdes, que ela sentiu o maior desejo de comer daqueles raponços. O desejo foi aumentando todos os dias, e como ela sabia que não podia consegui-los, começou a emagrecer e ficou pálida e tristinha. Então o marido ficou assustado e perguntou:
-O que te falta, querida mulher?
-Ai, respondeu ela,e eu não puder comer aqueles raponços do jardim no fundo da nossa casa, eu vou morrer.
O homem, que amava a sua mulher, pensou: "Antes de deixar minha mulher morrer, vou buscar um pouco daqueles raponços, custe o que custar".
Então ao entardecer, lá foi ele de novo, mas quando desceu do outro lado do muro, levou um susto enorme, pois deu com a feiticeira parada na sua frente.
-Como se atreves, disse ela com olhar raivoso, a invadir o meu jardim, para roubar os meus raponços?
-Ai, senhora, respondeu ele, use de compaixão; eu só me decidi a isso por necessidade: minha mulher viu os seus raponços, e ficou com tanto desejo por eles, que ia morrer se não conseguisse comê-los.
Então a raiva da feiticeira amainou, e ela disse:
Se as coisas são como dizes, eu te permitirei levar dos meus raponços, quantos quiseres. Só que com uma condição: terás de me dar a criança que o bom Deus vos dará. Ela passará bem, e eu cuidarei do pequenino ser como verdadeira mãe.
No seu medo, o homem prometeu tudo, e quando a criança nasceu, a feiticeira apareceu imediatamente, pôs na criança o nome de Rapunzel e levou-a embora consigo.
Rapunzel era a criança mais linda debaixo do sol. Quando ela fez doze anos, a feiticeira trancou-a numa torre, que ficava na floresta e não tinha escada nem porta, só uma janela pequenina lá em cima. Quando a feiticeira queria entrar, ficava embaixo da janela e gritava:
"Rapunzel, Rapunzel,
Solta o teu cabelo!"
Rapunzel tinha cabelos longos e maravilhosos, sedosos como ouro fino. E quando ela ouvia a voz da feiticeira, soltava as tranças, prendia-as num gancho da janela, e deixava-as cair de vinte côvados de altura e a feiticeira subia por elas.
Alguns anos depois aconteceu que o filho do rei, cavalgando pela floresta, passou pela torre e ouviu um canto que era tão lindo, que ele parou e ficou escutando. Era Rapunzel, que na sua solidão passava o tempo deixando soar sua voz. O príncipe queria subir até ela, e procurou a porta da torre, mas não encontrou. Voltou para casa, mas o canto lhe tocara tão fundo o coração que ele ia todos os dias para a floresta, para ouvi-lo: Quando ele estava um dia assim parado atrás de uma árvore, viu chegar uma mulher, e ouviu-a gritar para cima:
"Rapunzel, Rapunzel,
Solta o teu cabelo!"
Então Rapunzel deixou cair suas tranças e a mulher subiu por elas. O príncipe pensou: "Se é esta a escada pela qual se sobe lá, então eu também quero tentar a minha sorte".
E no dia seguinte, quando começou a escurecer, ele foi até a torre e gritou:
"Rapunzel, Rapunzel",
Solta o teu cabelo!".
Imediatamente as tranças caíram e o filho do rei subiu por elas.
No começo, Rapunzel assustou-se muito quando um homem entrou, porque seus olhos nunca tinham avistado algo assim. Mas o príncipe começou a falar com ela muito delicadamente, e contou-lhe que o seu coração fora tão tocado pelo seu canto, que não mais lhe deu sossego e ele tinha de vir vê-la, ele mesmo.
Então Rapunzel perdeu o medo, e quando o príncipe lhe perguntou se ela o aceitaria para marido, e ela viu que ele era jovem e belo, pensou: "Este vai me amar mais do que a velha mulher", disse "Sim", e pôs sua mão na mão dele. E falou:
-Irei contigo de bom grado, mas não sei como poderia descer. Quando voltares aqui, traze sempre fios de seda, e eu tecerei uma escada com eles, e quando estiver pronta, descerei por ela e tu me levarás no teu cavalo.
Eles combinaram que ele viria visitá-la todos os dias ao anoitecer, porque durante o dia vinha a velha.
A feiticeira não percebeu nada, até que um dia Rapunzel perguntou: e disse:
-Dize-me, como é isso, que me é muito mais difícil e pesado puxar-te para cima, do que o jovem filho do rei, que chega aqui num instante?
-Ó menina endiabrada,gritou a feiticeira,o que estou ouvindo! Pensei que te isolei do mundo inteiro, e tu me enganaste!
Na sua raiva, ela agarrou os lindos cabelos de Rapunzel, enrolou-os um par de vezes na sua mão esquerda, agarrou uma tesoura com a direita, e rique-raque, eles já estavam cortados, a as belas madeixas jaziam no chão.
E a velha tão impiedosa, que levou a pobre Rapunzel para um lugar solitário e deserto, onde ela teve de ficar vivendo em grande tristeza e desalento.
No mesmo dia em que exilou Rapunzel, a feiticeira prendeu as tranças cortadas no gancho da janela, e quando o príncipe chegou e gritou:
"Rapunzel, Rapunzel,
Solta o teu cabelo!"
Ela deixou cair as tranças. O príncipe subiu, mas lá em cima ele não encontrou a sua amada Rapunzel, e sim a feiticeira, que o fitou com olhares raivosos e peçonhentos.
-Ah! gritou ela, zombeteira vieste buscar a tua linda bem-amada? Mas o belo passarinho não está mais no ninho e não canta mais, o gato veio buscá-la e vai também arrancar os teus olhos com as suas garras. Para ti Rapunzel está perdida, nunca mais poderás enxergá-la.
Então, o príncipe fora de si de dor e de desespero, atirou-se da torre. Ele escapou com vida, mas os espinhos nos quais ele caiu furaram-lhe os olhos. Então ele errou cego na Floresta, comendo somente raízes e bagas de frutas e não fazia nada mais do que lamentar-se e chorar pela perda da sua amada. Dessa forma ele caminhou alguns anos vagando miseravelmente e finalmente chegou à região desértica, onde Rapunzel com os gêmeos, que haviam nascido, um menino e uma menina, miseravelmente viviam.
Ele ouviu uma voz, que lhe pareceu conhecida. Dirigiu-se para lá e quando se aproximou, Rapunzel reconheceu-o, caiu nos seus braços e chorou. Duas de suas lágrimas molharam os olhos do moço, e eles clarearam de novo, e ele voltou a ver como antes.
O príncipe levou-a para o seu reino, onde foi recebido com alegria e eles viveram felizes e contentes por muito tempo.

A versão original do alemão com uma tradução literal (que tem detalhes bem interessantes!):
Rapunzel
Carlos Soares Bechtinger
Aluno do 6º período de Letras – Campus Rebouças
Professor de alemão e tradutor

Brüder Grimm - Bildnis der Brüder Grimm

Jakob Ludwig Karl Grimm wurde am 4.1.1785 in Hanau geboren, sein Bruder Wilhelm Karl Grimm am 24.2.1786 am gleichen Ort. Der Vater war Jurist. Die Kinder lebten die ersten Jahren ihrer Jugend in Steinau und sie besuchten das Lyceum im Kassel. Seit 1839 waren sie Professoren in Kassel. Aufgrund ihrer Teilnahme am Protest der "Göttinger Sieben" wurden sie des Landes verwiesen. Seit etwa 1840 lebten beide in Berlin. Jakob Grimm starb am 20.9.1863 in Berlin, sein Bruder am 16.12.1859 am gleichen Ort.
Irmãos Grimm

Jakob Ludwig Karl Grimm nasceu no dia 4 de janeiro de 1785, em Hanau; seu irmão, Wilhelm Karl Grimm, nasceu no mesmo lugar, no dia 24 de fevereiro de 1786. O pai era jurista. As crianças viveram os primeiros anos da juventude em Steinau e cursaram o Liceu em Kassel. Em 1839, tornaram-se professores no mesmo local. Em razão de suas participações no protesto dos "Sete de Göttinger", eles foram expulsos do seu país. Em aproximadamente 1840, passaram a viver, ambos, em Berlim. Jakob Grimm morreu em 20 de setembro de 1863, em Berlim; seu irmão veio a falecer no dia 16 de dezembro, no mesmo lugar.


"Ein Märchen von Rapunzel"

Rapunzel

Es war einmal ein Mann und eine Frau, die wünschten sich schon lange vergeblich ein Kind Endlich machte sich die Frau Hoffnung, der liebe Gott werde ihren Wunsch erfüllen. Die Leute hatten in ihrem Hinterhaus ein kleines Fenster, daraus konnte man in einen prächtigen Garten sehen, der voll der schönsten Blumen und Kräuter stand; er war aber von einer hohen Mauer umgeben, und niemand wagte hineinzugehen, weil er einer Zauberin gehörte, die große Macht hatte und von aller Welt gefürchtet ward. Eines Tags stand die Frau an diesem Fenster und sah in den Garten hinab. Da erblickte sie ein Beet, das mit den schönsten Rapunzeln bepflanzt war, und sie sahen so frisch und grün aus, daß sie lüstern ward und das größte Verlangen empfand, von den Rapunzeln zu essen. Das Verlangen nahm jeden Tag zu, und da sie wußte, daß sie keine davon bekommen konnte, so fiel sie ganz ab, sah blaß und elend aus. Da erschrak der Mann und fragte: "Was fehlt dir. liebe Frau ? "Ach, antwortete sie, "wenn ich keine Rapunzeln aus dem Garten hinter unserm Hause zu essen kriege so sterbe ich." Der Mann, der sie lieb hatte, dachte: Eh du deine Frau sterben läsest holst du ihr von den Rapunzeln, es mag kosten, was es will. In der Abenddämmerung stieg er also über die Mauer in den Garten der Zauberin, stach in aller Eile eine Handvoll Rapunzeln und brachte sie seiner Frau. Sie machte sich sogleich Salat daraus und aß sie in voller Begierde auf. Sie hatten ihr aber so gut geschmeckt, daß sie den andern Tag noch dreimal soviel Lust bekam. Sollte sie Ruhe haben, so mußte der Mann noch einmal in den Garten steigen. Er machte sich also in der Abenddämmerung wieder hinab. Als er aber die Mauer herabgeklettert war, erschrak er gewaltig, denn er sah die Zauberin vor sich stehen. "wie kannst du es wagen", sprach sie mit zornigem Blick, in meinen Garten zu steigen und wie ein Dieb mir meine Rapunzeln zu stehlen ? Das soll dir schlecht bekommen !" "Ach", antwortete er, laßt Gnade für Recht ergehen, ich habe mich nur aus Not dazu entschlossen. Meine Frau hat Eure Rapunzeln aus dem Fenster erblickt und empfindet ein so großes Gelüsten, daß sie sterben würde, wenn sie nicht davon zu essen bekommt. Da ließ die Zauberin in ihrem Zorne nach und sprach zu ihm: "Verhält es sich so, wie du sagst so will ich dir gestatten, Rapunzeln mitzunehmen, soviel du willst; allein ich mache eine Bedingung: Du mußt mir das Kind geben, das deine Frau zur Welt bringen wird. Es soll ihm gut gehen, und ich will für es sorgen wie eine Mutter." Der Mann sagte in der Angst alles zu, und als die Frau in Wochen kam, so erschien sogleich die Zauberin, gab dem Kinde den Namen R a p u n z e 1 und nahm es mit sich fort.

Rapunzel ward das schönste Kind unter der Sonne. Als es zwölf Jahre alt war, schloß es die Zauberin in einen Turm, der in einem Walde lag und weder Treppe noch Türe hatte; nur ganz oben war ein kleines Fensterchen. Wenn die Zauberin hinein wollte, so stellte sie sich unten hin und rief:

"Rapunzel, Rapunzel,
Laß mir dein Haar herunter !"

Rapunzel hatte lange, prächtige Haare, fein wie gesponnen Gold. Wenn sie nun die Stimme der Zauberin vernahm, so band sie ihre Zöpfe los, wickelte sie oben um einen Fensterhaken, und dann fielen die Haare zwanzig Ellen tief herunter, und die Zauberin stieg daran hinauf.

Nach ein paar Jahren trug es sich zu, daß der Sohn des Königs durch den Wald ritt und an dem Turm vorüberkam. Da hörte er einen Gesang, der war so lieblich, daß er stillhielt und horchte. Das war Rapunzel, die in ihrer Einsamkeit sich die Zeit damit vertrieb, ihre süße Stimme erschallen zu lassen. Der Königssohn wollte zu ihr hinaufsteigen und suchte nach einer Türe des Turms: aber es war keine zu finden. Er ritt heim. Doch der Gesang hatte ihm so sehr das Herz gerührt, daß er jeden Tag hinaus in den Wald ging und zuhörte. Als er einmal so hinter einem Baum stand, sah er, daß eine Zauberin herankam, und hörte, wie sie hinaufrief:

"Rapunzel, Rapunzel,
Laß mir dein Haar herunter !"

Da ließ Rapunzel die Haarflechten herab, und die Zauberin stieg zu ihr hinauf. "Ist das die Leiter, auf welcher man hinaufkommt, so will ich auch einmal mein Glück versuchen." Und den folgenden Tag, als es anfing dunkel zu werden, ging er zu dem Turme und rief: "Rapunzel, Rapunzel, Laß mir dein Haar herunter !" Alsbald fielen die Haare herab, und der Königssohn stieg hinauf. Anfangs erschrak Rapunzel gewaltig, als ein Mann zu ihr hereinkam, wie ihre Augen noch nie einen erblickt hatten. Doch der Königssohn fing an, ganz freundlich mit ihr zu reden, und erzählte ihr, daß von ihrem Gesang sein Herz so sehr sei bewegt worden, daß es ihm keine Ruhe gelassen und er sie selbst habe sehen müssen. Da verlor Rapunzel ihre Angst, und als er sie fragte, ob sie ihn zum Manne nehmen wollte, und sie sah, daß er jung und schön war, so dachte sie: Der wird mich lieber haben als die alte Frau Gotel, und sagte "Ja", und legte ihre Hand in seine Hand. Sie sprach: "Ich will gerne mit dir gehen, aber ich weiß nicht, wie ich herabkommen kann. Wenn du kommst, so bring jedesmal einen Strang Seide mit, daraus will ich eine Leiter flechten, und wenn die fertig ist, so steige ich herunter, und du nimmst mich auf dein Pferd." Sie verabredeten, daß er bis dahin alle Abende zu ihr kommen sollte: Denn bei Tag kam die Alte. Die Zauberin merkte auch nichts davon, bis einmal Rapunzel anfing und zu ihr sagte: "Sag Sie mir doch, Frau Gotel, wie kommt es nur, Sie wird mir viel schwerer heraufzuziehen als den jungen Königssohn, der ist in einem Augenblick bei mir ?" "Ach du gottloses Kind !" rief die Zauberin, "was muß ich von dir hören; ich dachte, ich hatte dich von aller Welt geschieden, und du hast mich doch betrogen !" In ihrem Zorn packte sie die schönen Haare der Rapunzel, schlug sie ein paarmal um ihre linke Hand, griff eine Schere mit der rechten, und, ritsch, ratsch, waren sie abgeschnitten, und die schönen Flechten lagen auf der Erde. Und sie war so unbarmherzig, daß sie die arme Rapunzel in eine Wüstenei brachte, wo sie in großem Jammer und Elend leben mußte. Denselben Tag aber, wo sie Rapunzel verstoßen hatte, machte abends die Zauberin die abgeschnittenen Flechten oben am Fensterhaken fest, und als der Königssohn kam und rief: "Rapunzel, Rapunzel, Laß mir dein Haar herunter !" so ließ sie die Haare hinab. Der Königssohn stieg hinauf, aber er fand oben nicht seine liebste Rapunzel, sondern die Zauberin, die ihn mit bösen und giftigen Blicken ansah. "Aha", rief sie höhnisch, "du willst die Frau Liebste holen, aber der schöne Vogel sitzt nicht mehr im Nest und singt nicht mehr, die Katze hat ihn geholt und wird dir auch noch die Augen auskratzen Für dich ist Rapunzel verloren, du wirst sie nie wieder erblicken !" Der Königssohn geriet außer sich vor Schmerzen, und in der Verzweiflung sprang er den Turm herab. Die Dornen, in die er fiel, zerstachen ihm die Augen. Da irrte er blind im Wald umher, aß nichts als Wurzeln und und tat nichts als jammern und weinen über den Verlust seiner liebsten Frau. So wanderte er einige Jahre im Elend umher und geriet endlich in die Wüstenei wo Rapunzel mit den Zwillingen, einem Knaben und einem Mädchen, kümmerlich lebte. Er vernahm eine Stimme . Da ging er darauf zu und wie er herankam, erkannte ihn Rapunzel und fiel ihm um den Hals und weinte. Zwei von ihren Tränen aber benetzten seine Augen, da wurden sie wieder klar, und er konnte damit sehen wie sonst. Er führte sie in sein Reich, wo er mit Freude empfangen ward, und sie lebten noch lange glücklich und vergnügt.

Rapunzel -Auf Äckern, in Weinbergen und Gemüsefeldern zu finden-

Ellen-(60-80cm)
"Um conto de Rapunzel"

Rapunzel

Era uma vez um homem e uma mulher, que desejavam já há muito tempo ter uma criança, mas tentavam inutilmente. Porém, finalmente, a mulher teve esperança de que o amado Deus fosse realizar seu desejo. O casal tinha, no fundo da casa, uma pequena janela, da qual se podia ver um esplendoroso jardim, que estava cheio de raízes e das mais belas flores; o jardim estava cercado de um muro alto e ninguém ousava entrar lá, porque ele pertencia a uma bruxa, que tinha um poder grande e era temida por todos.

Um dia a mulher estava junto a essa janela e olhava lá para baixo, em direção ao jardim. Aí ela avistou um canteiro, que estava todo plantado com as mais belas plantas herbáceas, chamadas de rapônicas, ou alfaces, e aparentavam serem bem frescas e verdes, tornando-se objeto de cobiça, e ela sentia a maior ânsia de comê-las. A ânsia aumentava a cada dia e, como ela sabia que não podia ficar com elas, as abandonou e foi ficando com uma aparência pálida e pobre. Aí o homem se assustou e perguntou: "O que passa com você, o que está acontecendo com você, querida mulher?" "Ah", respondeu ela, "se eu não puder ganhar nenhuma alface do jardim bem atrás da nossa casa para comer, eu morro". O homem, que tinha amor por ela, pensava: "Ora, antes que tua mulher possa morrer, apanha para ela as alfaces, custe o que custar". Ao anoitecer, ele subiu o muro no jardim da bruxa feiticeira, cortou com toda a pressa um bocado de alfaces e as trouxe para sua mulher. Ela imediatamente fez disso uma salada e as comeu com toda a ânsia. Elas agradaram tanto a ela, que no outro dia ficou com três vezes mais desejo de comê-las. Para ela ficar calma, ele deveria voltar mais uma vez ao jardim e subir até lá.

Ao anoitecer, então, ele novamente voltou ao jardim. Mas quando ele tinha descia o muro se assustou, pois ele viu a bruxa feiticeira diante de si. "Como ousas", falava ela com um olhar raivoso, "subir no meu jardim e, como um ladrão, roubar minhas alfaces? Disso você vai se arrepender enormemente!". "Ah", respondeu ele, "merecida pena! Eu, por necessidade, me decidi a fazer isso. Minha mulher avistou da janela suas alfaces e sentiu um enorme desejo de comê-las, pois achava que iria morrer, se não as comesse". Aí a bruxa cedeu em seu rancor e falou para ele: "Se você se comportar assim, como disse, então eu permitirei a você minhas alfaces levar, mas numa condição: você terá que me dar a sua criança, que sua mulher colocará no mundo. Vai dar tudo certo para a criança, e eu cuidarei dela como uma mãe". O homem, por medo, concordou e, depois de semanas, quando a mulher chegou, ao mesmo tempo apareceu a bruxa má, que dera o nome à criança de Rapunzel, levando-a embora com ela.

Rapunzel era a criança mais bonita de todas. Quando ela atingiu os doze anos, a bruxa trancou-a numa torre, que estava numa floresta, onde nem sequer havia escada, nem portas; apenas bem acima havia uma janelinha. Quando a bruxa queria entrar lá dentro, ela se colocava lá embaixo e gritava: "Rapunzel, Rapunzel, deixe seu cabelo cair na minha direção! Jogue as tranças do cabelo aqui para baixo".

Rapunzel tinha cabelos longos e esplendorosos, tão finos como um fio de ouro. Quando ela escutava a voz da bruxa malvada, aí então ela soltava as suas tranças, envolvia as tranças no gancho da janela e então os cabelos caíam a uma altura aproximada de uns 1200 metros e a bruxa subia pelas tranças.

Depois de alguns nos, aconteceu que o filho do rei cavalgava pela floresta e, quando passava por uma torre, escutou uma canção, que era para ele muito agradável. Ele ficou parado e escutou a canção. Nada mais era do que Rapunzel que, na sua solidão, passava seu tempo cantando e, com uma voz doce, deixava ecoar sua linda voz. O filho do rei queria subir até onde ela estava e procurou por uma porta da torre, mas não havia nenhuma que ele encontrasse. Ele cavalgou para casa. A canção tinha, sim, tocado tanto seu coração que ele todo dia saía para a floresta e ficava escutando bem a canção. Quando ele, uma vez, assim esteve atrás de uma árvore, ele viu que a bruxa se aproximou e escutou como ela gritava lá para cima: "Rapunzel, Rapunzel, deixe seu cabelo cair na minha direção! Jogue as tranças aqui em baixo para mim!" Aí Rapunzel desceu as tranças de cabelo e a bruxa subiu até ela. "Esta é a escada sobre a qual se pode subir e assim vou tentar pelo menos uma vez minha sorte."

Então, no dia seguinte, quando começou a ficar escuro, ele foi para a torre e gritou: "Rapunzel, Rapunzel, deixe seu cabelo cair na minha direção! Jogue as tranças aqui em baixo para mim!" Imediatamente os cabelos caíram e o filho do rei subiu até lá.

No começo, Rapunzel se levou um grande susto quando um homem chegou a ela, como seus olhos nunca ainda tinham visto. O filho do rei começou a conversar bastante amavelmente com ela e contou para ela que sua canção havia tocado tanto seu coração que aí ele não teve um só instante de paz e ele próprio tinha que ver isso com seus olhos. Aí, então, Rapunzel perdeu o seu medo e quando ele perguntou a ela se ela gostaria de tê-lo como seu homem, e ela, ao mesmo tempo, via que ele era tão jovem e bonito, ela pensou: "Esse aí vai ter mais amor por mim do que a senhora Gotel", e disse "Sim", e colocou a sua mão na mão dele. Ela ainda falou: "Eu quero, sim, ir para onde você vai, mas eu não sei como eu posso sair daqui. Se você vier, traga junto com você, a cada vez, uma corda de seda. Com isso eu tecerei uma escada, e quando ela estiver pronta, aí eu desço e você me leva no seu cavalo".

Eles combinaram que ele, então, todas as noites deveria ir ao encontro dela: pois de dia vinha a velha. A bruxa não percebeu nada, até a hora em que Rapunzel disse para ela: "Me diga, senhora Gotel, como pode: a senhora é mais pesada do que o filho do príncipe quando sobe até aqui, visto que num instante ele está na minha companhia" "Ah, sua criança desnaturada!", gritou a bruxa, "o que eu ainda não devo escutar de você; eu achava que eu tinha afastado você do mundo e você me enganou!" Em seu rancor, a bruxa pegou os cabelos mais bonitos de Rapunzel, bateu neles várias vezes na sua mão esquerda, apanhou uma tesoura e com a direita, "ritsch, ratsch": os seus cabelos haviam sido cortados e as bonitas tranças estavam no chão, na terra. Ela era impiedosa, a ponto de levar a pobre da Rapunzel para um deserto, onde ela deveria viver na pobreza e em grande lamento. Mas, no mesmo dia, quando tinha sido expulsa, a bruxa prendeu durante a noite as tranças cortadas em cima no gancho da porta, e quando o filho do rei veio e gritou: "Rapunzel, Rapunzel, deixe seu cabelo cair na minha direção! Jogue as tranças aqui em baixo para mim!" Desse modo ela desceu os cabelos. O filho do rei subiu até lá, mas ele não encontrou a sua querida Rapunzel, e sim a bruxa, que o observava com um olhar maligno e venenoso. "Aha", gritou ironicamente, "você que buscar a senhora amada, mas o bonito pássaro não está mais sentado no ninho e não canta mais; a gata apanhou-o e vai arranhar ainda os seus olhos. Para você, Rapunzel está perdida, você não a olhará nunca mais". O filho do rei, de tanta dor, saiu de si e, na dúvida, pulou da torre abaixo.

Os espinhos sobre os quais ele caiu furaram seus olhos. Aí ele saiu como um louco pela floresta; não comia nada, senão raízes, e nada mais fazia, a não ser se lamentar e chorar a perda de sua querida amada senhora. Assim, ele percorreu os campos cegamente por alguns anos, na pobreza, de um lado para o outro e finalmente caiu num deserto, onde Rapunzel, com os gêmeos – um menino e uma menina – miseravelmente vivia. Ele escutou sua voz. Aí ela foi na direção dele e, quando ele chegara, Rapunzel o reconheceu, caiu em seus ombros e chorou copiosamente. Duas de suas lágrimas molharam os olhos do príncipe e eles ficaram claros de novo e, com isso, ele pôde voltar a enxergar, como habitualmente. Ele a conduziu até seu reino, onde foi recebido por amigos e eles assim viveram felizes e satisfeitos para sempre.

NOTAS:

Rapunzel - Encontrado em campos arados, em vinhas e campos de horticultura - Rapônico / raponço - Plantas herbáceas - Alface.Ellen - antiga medida de comprimento (60-80cm)